Bênção dos Sinos – Homenagens ao Pe. Lourenço Biernaski e ao carisma vicentino

29 anos depois, os sinos voltaram a soar na Igreja São Vicente de Paulo, em Curitiba (PR). Este momento especial aconteceu no dia 18 de abril de 2019 (Quinta-feira Santa), na celebração da instituição da eucaristia. Com a presença de um grande número de fiéis, autoridades civis e religiosas, a benção solene foi feita pelo visitador da Congregação da Missão Província do Sul, Pe. Odair Miguel Gonsalves dos Santos.

Foram instalados dois sinos novos. Um deles com a nota Mi, homenageando o Pe. Lourenço Biernaski, que neste ano completou 65 anos de ordenação sacerdotal. E outro sino médio com a nota Ré, homenageando o carisma vicentino, com as figuras de São Vicente de Paulo e Santa Luísa de Marillac. Os sinos levam, ainda, o brasão dos 50 anos da Província de Curitiba, como marca do Ano Jubilar.

Depois da benção, os novos sinos emitiram seu som pela primeira vez, pelas mãos do Pe. Lourenço, da Irmã Dirce Edi Kottwitz (provincial das Filhas da Caridade de São Vicente de Paulo de Curitiba) e da Vicê-cônsul da República da Polônia em Curitiba, Sra. Dorota Orty?ska.
A partir desta data, os sinos instalados recentemente passaram a fazer companhia para o sino maior, com a nota Dó, que representa a história e homenageia o bairro São Francisco e a colônia polonesa que doou os sinos, em 1933.

Um pouco de história

Os primeiros sinos foram adquiridos pela colônia polonesa de Curitiba. Os padres tinham muitos amigos zelosos e benfeitores. Francisco Szuber, Francisco Lachowski e Dr. João Grabski organizaram, espontaneamente, uma coleta para a aquisição dos sinos, que chegou a arrecadar 8.138$000.
A Fundição Irmãos Müller, de Curitiba, fez os sinos. O primeiro com 323Kg, o segundo com 184Kg e o terceiro com 94 Kg, no valor de 6.910$000. A instalação dos mesmos, segundo o plano dos Irmãos Müller, foi efetuada pelo mestre carpinteiro Antônio Stanczyk, no valor de 1.000$000. Como homenagem, foi feita uma placa de bronze com os nomes dos benfeitores, que se encontra na entrada da Igreja. Todas as despesas somadas chegaram a 8.120$000.

A bênção dos sinos ocorreu no dia 17 de dezembro de 1933, por Sua Excelência Reverendíssima Dom João Francisco Braga, com a presença do Pe. Ludovico Bronny (Vice-Visitador), Pe. Boleslau Bayer (Vigário de Tomás Coelho), Pe. Silvestre Kandora (Vigário de Orleans), Pe. Estanislau Piasecki (Vigário de Rio Claro), Pe. João Palka (redator do LUD) e de uma grande multidão de fiéis. Nessa ocasião, os sinos repicaram pela primeira vez, para alegria de todos.

Em 25 de setembro de 1990, terça-feira, às 3h15 da madrugada, a Igreja São Vicente de Paulo foi criminosamente incendiada. Os incendiários quebraram um dos vidros da janela lateral perto do altar de Nossa Senhora das Dores e entraram na igreja. Pegaram a vela do altar de missa, arrombaram a porta que dá acesso ao coro e atearam fogo no órgão elétrico e na torre da igreja. O incêndio foi visto pelas pessoas que no momento estavam no bar que se encontrava na frente da igreja. O dono do bar avisou a polícia, que por sua vez comunicou o corpo de bombeiros e avisou aos padres.

O primeiro a ser acordado foi o Pe. Lourenço Biernaski, o qual chamou os demais. O Pe. Fonsatti ainda tentou apagar o fogo do órgão. Ao entrar na igreja com o Pe. Lourenço Biernaski, encontrou uma das portas laterais da igreja aberta. O corpo de bombeiros chegou logo depois, mas só conseguiu apagar o incêndio três horas depois.

Graças ao bom Deus, os estragos não foram grandes. O maior prejuízo foi a destruição do antigo e raro órgão importado dos Estados Unidos. A torre ficou totalmente destruída interiormente, incluindo as estruturas do suporte dos sinos. Um dos sinos foi danificado, chegando a partir-se ao meio. E outro teve uma rachadura, que lhe tirou a qualidade de som, ficando apenas o sino maior, por 29 anos.

Naquela época, a Igreja São Vicente foi a sétima incendiada na cidade, no curto espaço de 90 dias. Infelizmente, a polícia não teve nenhuma pista segura dos criminosos. A igreja ficou interditada por causa do perigo que os sinos apresentavam. O fato foi amplamente divulgado em rede estadual e nacional de rádio, televisão e jornais. Existe um filme com as imagens do incêndio nos arquivos da Província. Os recortes de jornais, bem como fotografias do incidente, foram recolhidos e arquivados. As funções religiosas passaram a ser feitas na Capela das Filhas de Caridade (Av. Manoel Ribas, 2).

Atualmente, com júbilo, celebramos este novo tempo como marco do Ano Jubilar da Província do Sul. No Sábado Santo, dia 20 de março, durante a missa da Vigília Pascal, os sinos já repicaram no alto da torre, para a glória de Deus e para a alegria dos homens e mulheres presentes. Eles foram tocados de forma manual, pelos montadores de sinos José Willian e Gabriel, que vieram de Uberaba (MG), da empresa Fasu Sinos.

E no Domingo de Páscoa, na hora do Angelus, os sinos tocaram de forma automática. Juntos com os anjos e santos, louvamos a Deus por mais essa conquista da comunidade da Paróquia São Vicente de Paulo e de toda a família Vicentina.